sábado, 16 de junho de 2007

esse meu amigo...poeta

mortificado, aplaudiu tamanha ousadia.

em três traços de gesto mais uns trejeitos de língua, o homem perante sí - poeta e homem das artes - , alumiou a plateia com suas palavras favoritas: cadafalso, canalha, facínora...

implacável, as duas mãos formaram gestos desenhados em pleno ar, em fugitivos sonoros intervalados. fê-lo de pé. Enquanto que o resto da plateia apupava e inseminava o triste farrapo que por dalí pensou vingar. fruta podre atacava o poeta; e indignado, o fã, expeliu saliva como que a fabricar um manto de protecção em volta do seu adorado mártir.

de seguida esmurrado e em sangue, um corpo dorido esvaziava dores pelo meandros dos assentos desarrumados. e num torpor que adivinhava finitude, ouviu a voz - agora trémola e indignada - repetindo em fúria, "que espécie de palhaço és tu que incendeias desta forma a maralha? deixa-os formar tapetes de fruta podre no palco, deixa-os apedrejar quem do alto se mostra alvo óbvio. não vês tu que é dessa forma que se enche este espaço para que se invada de esvaziar de fustrações? "

"imbecil! é de soldo e sobrevivência inevitável que falo!!" terminou o poeta deixando-o ao abandono. mas numa erótica forma de sofrer aprendeu a gostar de uma nova palavra.

e sublimou-a num epitáfio...sem fruta, nem aplausos.

bravo!






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